RAPIDINHAS DA SEMANA...MARC MOULINPLACEBO YEARSMarc Moulin não é um nome estranho e podemos mesmo concordar com os press releases e considerá-lo uma lenda viva. Músico, um dos responsáveis pelos Telex e os Aksak Maboul, jornalista, produtor, Moulin, de origem belga, é um dos homens mais influentes da música europeia. Responsável por uma discografia invejável, edita uma vez mais uma antologia relacionada com a era Placebo. Depois de 1999 ter reunido alguns dos mais importantes momentos desses anos de ouro (entre 1971 e 1974) numa compilação, bem mais completa que esta agora editada pela Blue Note, Moulin continua a explorar o seu próprio espólio e presentear-nos alguma da melhor música por si produzida. A amalgama sonora, onde se encaixam o jazz e o funk, encontra-se tão actual como à 30 anos atrás. Uma música funcional, formal e eloquente onde co-habitam influências de imortais como Jimi Hendrix, James Brown ou Soft Machine. Ouro sobre azul!
FROM THE ROOTS TO THE SHOOTS
Só quem não conhece é que não se apaixonou por "Happy". Dois anos volvidos sob a sua edição chega o muito aguardado álbum de estreia. «From the Roots to the Shoots» é o resultado não só do estudo de diversas tipologias como o electro-funk de 80, o disco obscuro de 70, o broken beat de 90 e até mesmo a soul da Motown, bem como um sintoma de algém que encontrou no palco, juntamente com The Shoots, a virtude capaz de encontrar um fio condutor com potencial de seduzir massas. Apesar dessa sedução não ser constante e alguns temas variarem por vezes entre o bom, o interessante e o banal, a produção é segura e merecedora de alguma atenção. «From the Roots to the Shoots» foi forjado com alguma habilidade, mas teremos de aguardar pelo segundo álbum para confirmar o talento de Max e companhia.
CHOKLATE
Apesar de ser uma desconhecida entre nós, Choklate conhece e gosta de Portugal desde a visita que nos fez durante este Verão. Visitou e apreciou as nossas paisagens. Mas não deverão ter sido as terras lusitanas que a influenciaram na escrita de tão belas canções soul incluídas neste álbum intitulado com o nome da autora. Choklate chega mesmo a ser uma das mais interessantes e estimulantes revelações da música soul neste ano de 2006. Tendo o hip-hop como suporte para a sua voz, mas uma alma sincera a governar-lhe a pessoa, esta jovem de Seattle revela-se autêntica na atitude perante a vida e empenhada na forma como exprime os seus sentimentos. A alma também canta e não é o r&b patego e narcisista que é produzido na indústria norte americana que dissimulará a verdade. E se Portugal a vier inspirar no futuro, tanto melhor! Um dos discos soul do ano!
THE HEALING
E agora um dos mais pertinentes registos hip-hop destes últimos meses. Staringe Fruit Project, colectivo onde colaboram Myone, Myth e Symbolyc One, com origem em Waco no Texas, revelam-se através da OM Records de São Francisco. Com o seu estilo, despertaram atenções de gente como Gilles Peterson, ?uestlove dos The Roots e, sem receio, revelaram que Ghostface Killah (com quem já trabalharam), Common ou Erykah Badu são algumas das suas influências. Referências que vivem em «The Healing» e que permitem que a a música de SFP reflicta não só o ensejar da rua mas também o sentimento de quem procura mais essência na vida, relegando para o campo da futilidade desmiolada os excessos da vida de Hollywood. «The Healing» pode não ser a cura para a doença fatal da vaidade mas é um passo bem seguro para encarar a vida de forma abrangente, para além do universo do dinheiro, jóias, da inveja, de falsos amores. Não cura mas é no fundo o início duma terapia de personalidade.