DISCOS DE VERÃO
#2
Mais uns "disquitos" para ouvir ao longo dos próximos dias. Dias dedicados ao calor, água fresca, praia, piscinas, calções e biquinis (uns mais na moda que outros), ás noites na esplanada com os amigos, aos festivais (alguns porque o dinheiro não dá para todos), vadiagem... muita vadiagem! O Verão é uma vez por ano. Há que aproveitar. Quando o frio e a chuva regressarem, não haverá mais nada a fazer senão ficar em casa à espera que os dias bonitos voltem... Aproveitem!!
BURIAL
Existem personagens misteriosas. Personagens do sub-mundo que preferem as sombras da noite, a escuridão do desconhecido, que preferem movimentos discretos mas incisivos. Directos, criativos, enigmáticos. Burial consegue ser tudo isso e talvez mais. Empenhado na criação do seu som, desenvolve sonoridades estranhas, vagas e ociosas, numa terra de ninguém onde o dubstep parece ser a única referência terrena. Tudo o resto é singular, único, desusado. Os baixos são quase subsónicos, os ritmos residuais e arquitectados parecem esqueletos afilados e proporcionados. As harmonias alienígenas pintam um manto negro de mistério. Levitação é uma das excepcionais formas de viagem por um mundo urbano tenso, escuro e à beira do caos apocalíptico. Disco estranho, soturno... e muito bom! Futurista ou profetizador?
INTERPRETATIONS
Mais uma aventura de um aventureiro. King Britt é um dos nomes incontornáveis da nova música urbana. É trabalhador, persistente e possui visão para além da tacanhez da industria. Joga com ela mas não se submete às suas regras, vende a sua música como outro músico qualquer mas esquiva-se com habilidade ás tendências da moda. King Britt é o cérbero pensante de projectos como: Firefly, Oba Funke, Scuba, Sylk 130, Deep Aural Penetration, Digable Planets and E-Culture e o mais recente The Nova Dream Sequence. Editado pela Compost Records, «Interpretations» é, segundo as palavras do seu autor, a materialização sonora dos seus sonhos. Esta é mais uma forma de conhecer a mente de Britt, como funciona e até que ponto é dotada de maleabilidade e habilidade.
THE AVALANCHE
É a vez dos restos. Depois do sucesso de «Illinois» de 2005, Sufjan edita outtakes e extras que não chegaram a ver a luz do dia à um ano atrás. Apesar da indiscutível qualidade da sua música, não deixa de pairar a ideia que a melhor composição foi incluída no último álbum de originais. Este disco revela também o talento para escrever música em grandes quantidades, mas revela também que umas são mais merecedoras de atenção que outras. Não é um mau disco, mas está longe de surpreender ou cativar a atenção como a restante discografia de Sufjan Stevens. Está na hora de seguir para outro estado, porque de Illinois já vimos o que havia para ver…
ALRIGHT, STILL
Há quem seja pragmático na forma como olha para a música, seja sua ou produzida por outros. Por vezes a atitude é simplesmente fazer música porque isso dá gozo a quem a faz e diverte quem a ouve. A atitude descomprometida e irreverente de Lily Allen tem despertado algum interesse em terras britânicas. À primeira vista a pop de «Alright, Still» – feita de reminescências ska e calypso – parece inocente ou ingénua, feita por uma menina colegial que experimenta agora as primeiras irreverências. Na verdade Lily poderá ser tudo menos ingénua. As letras são divertidas graças ao tom irónico e cáustico. Fala de vivência ousada, namoros sem sucesso, de sexo, da actual cultura urbana e reflecte a adolescência (e algumas promiscuidades inerentes a ela). A música é subtil, bem disposta, bem produzida. É engraçado, mas nada mais. Outra estrela nascida no MySpace?